Na
última década, oito anos foram os mais secos desde 1985; país perdeu 15% da
água de rios e lagos, aponta Mapbiomas
Na
mesma tendência do ano anterior, apenas em 2024 o Brasil perdeu 2% da superfície de água, de acordo com dados do MapBiomas divulgados nesta
sexta-feira (21). A análise mostra que o ano passado ficou 4% abaixo da média
da série histórica, iniciada em 1985, e mostram que a última década teve oito dos 10 anos mais secos já analisados.
“A
dinâmica de ocupação e uso da terra no Brasil, junto com eventos climáticos
extremos, causada pelo aquecimento global, está deixando o Brasil mais seco”,
explica Juliano Schirmbeck, coordenador técnico do MapBiomas Água.
O Brasil possui 12%
da água potável do planeta e cerca de 2% dessa quantia
está no Pantanal, o bioma que mais
perdeu superfície de água em relação à média histórica: 61%. Em
2024, o Pantanal, a maior planície alagável do planeta, ficou abaixo da média
histórica durante todos o ano.
“Desde a última cheia em 2018, o bioma tem
enfrentado o aumento de períodos de seca e, em 2024, a seca extrema aumentou a
incidência e propagação de incêndios”, afirma Eduardo Rosa, da equipe do
MapBiomas Água.
A Amazônia, que tem mais da metade da superfície de
água do país (61%), sofreu uma seca extrema no ano passado,
o que levou a uma queda de 3,6% em relação à extensão média de água no bioma.
Quase dois terços (63%) de suas bacias hidrográficas registraram perda de
superfície de água.
No Cerrado,os pesquisadores registraram uma
inversão entre superfície de corpos de água naturais (rios, lagos e lagoas) e
artificiais (reservatórios e represas). Em 1985, 63% da superfície de água do
bioma era natural — número que passou para 40% em 2024, enquanto os corpos de
água artificiais foram de 37% para 60%.
Reservatórios cheios não suprem
rios secando
A água antrópica cresceu 54% em relação a 1985,
porém o cenário não reverteu a tendência geral de redução, de acordo com a
pesquisa. A maior parte da superfície de água identificada em corpos antrópicos
fica em biomas densamente habitados, como a Mata Atlântica, enquanto a perda
natural de rios e lagos perderam 15% da água em relação a série histórica.
“O aumento da superfície de água no Cerrado,
Caatinga e Mata Atlântica derivam do crescimento da água armazenada em
hidrelétricas e outros tipos de reservatórios. No caso dos biomas com maior
prevalência de água natural, como a Amazônia e Pantanal, houve redução
hídrica”, destaca Juliano Schirmbeck.
CNN