Aumento da circulação do sorotipo 3 da doença
associado às mudanças climáticas influenciam número de casos
O Brasil já registrou 269.919 casos prováveis de
dengue em 2025 e 85 óbitos pela doença. Desses, 157.783 registros foram feitos
apenas em São Paulo. O estado paulista também lidera em número de mortes por
dengue, com 67 confirmações. Os dados são do Painel de Monitoramento das Arboviroses
do Ministério da Saúde, atualizado dia 11 de fevereiro. Em 2025, os casos podem
superar os do ano passado.
Apenas nas primeiras quatro semanas deste ano,
São Paulo chegou a 104.242 casos prováveis de dengue, com 50 mortes pela
doença. No mesmo período de 2024, o estado registrou 48.825 casos e 36 óbitos.
Ou seja, houve um aumento de mais da metade de casos de dengue de 2024 para
2025, no mesmo período.
O infectologista Julival Ribeiro avalia que não
será surpreendente se os casos deste ano superarem o número de registros de
dengue de 2024, tanto em São Paulo quanto no Brasil. Ele ressalta a importância
da vacinação do público-alvo da campanha de imunização contra a dengue, em
curso no país.
“Não vai ser surpresa que os casos da dengue
superem no Brasil os casos de 2024, esperamos que não aconteça. Entretanto, é
importante a gente lembrar que a população tem um papel muito importante, ou
seja, levar as crianças de 10 a 14 anos para serem vacinadas”, diz o
especialista.
O que influencia no aumento de casos de dengue?
Julival explica que calor acima da média em
algumas localidades e as chuvas colaboram para a proliferação do mosquito
transmissor da dengue, o Aedes aegypti. Além disso, ele destaca que a
associação do aumento da circulação do sorotipo 3 da dengue no país com as
mudanças climáticas influenciam na maior incidência de casos da doença no
Brasil.
“Nós estamos vendo temperaturas altíssimas que
diminuem o tempo de reprodução do mosquito da dengue, além do que, chuvas também,
que depois resultam em criadouros. Então, são fatores muito importantes hoje
para esse aumento dos casos da dengue”, elucida.
LEIA MAIS: Dengue: ressurgimento do sorotipo 3
pode agravar surtos da doença no país
“A população não tem resposta imunológica [ao
sorotipo 3], o que pode elevar muito o número de casos”, alerta o
infectologista.
Para frear a incidência de dengue no país, o
especialista avalia que campanhas governamentais de conscientização da
população seriam eficazes. Ele também cita como relevante a investigação de
perto pelo governo das cidades com registros expressivos de casos prováveis de
dengue.
“O governo tem que lançar campanhas para todo o
país em relação à dengue e, sobretudo, fazer um rastreamento do que está
acontecendo nas principais cidades onde os casos estão aumentando”, afirma
Julival.
Inclusive, o Ministério da Saúde, por meio da
equipe do Centro de Operações de Emergência em Saúde para Dengue e outras
Arboviroses (COE Dengue), tem realizado uma Caravana da Saúde para intensificar
o controle da dengue em 22 municípios de 12 estados. O objetivo da iniciativa é
reforçar a vigilância epidemiológica, aprimorar a assistência à população e
reorganizar os serviços de saúde.
Confira os municípios contemplados pela ação até
agora:
Bagé (RS), Belo Horizonte (MG), Contagem (MG),
Campinas (SP), Cruzeiro do Sul (AC), Feijó (AC), Fortaleza (CE), Foz do Iguaçu
(PR), Joinville (SC), Macapá (AP), Manaus (AM), Pelotas (RS), Porto Alegre
(RS), Porto Velho (RO), Ribeirão Preto (SP), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro
(RJ), Rio Grande (RS), Salvador (BA), São José do Rio Preto (SP), Tarauacá (AC)
e Vitória (ES).
Recomendação em caso de sintomas
Aos primeiros sintomas de dengue, como febre alta
e dores no corpo, a recomendação é procurar uma unidade de saúde para realizar
o diagnóstico. Segundo o especialista, a infecção por dengue é recuperável na
maioria dos casos, mas há públicos com maior vulnerabilidade para progredir a
quadros graves.
“A grande maioria dos casos de dengue são
recuperáveis, mas a gente tem que lembrar que, sobretudo, crianças, idosos,
pessoas com comorbidade, podem pegar dengue e levar o quadro para uma dengue
grave, infelizmente, ocorrer óbitos”, frisa o infectologista.
Projeções para 2025
No início de janeiro, a pasta da Saúde publicou
uma nota técnica destacando que
em 2025 o Brasil pode ter uma incidência elevada de casos de arboviroses acima
do observado em 2024. As modelagens preditivas do ministério apontam para uma
elevação de incidência de casos de arboviroses em estados como São Paulo, Rio
de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná.
Medidas de prevenção
Confira algumas ações indicadas para o controle
da proliferação do mosquito transmissor.
Eliminar focos de água parada;
Utilizar repelentes;
Instalar telas de proteção em janelas e portas.
Fonte: Brasil 61