Área do interior de Goiás sofre com "fogo
subterrâneo" desde quinta-feira (5)
Incêndios florestais já queimaram
mais de 10 mil hectares na região da Chapada dos Veadeiros e da Área de
Proteção Ambiental Pouso Alto, em Goiás, desde quinta-feira (5).
O
total afetado corresponde a mais de 10 mil campos de futebol.
Equipes do ICMBio e do Ibama, além de
bombeiros do estado, atuam na região para controlar a situação. Neste domingo
(8), dois aviões devem ser colocados em operação.
De acordo com o governo federal, a região
é atingida por “fogo subterrâneo”, que ocorre embaixo das raízes das plantas e
é mais difícil de ser combatido.
As equipes atuam encharcando as áreas com
fogo e cavando trincheiras ao redor dos focos para impedir a propagação do
calor.
A Polícia Militar de Goiás realizou
a prisão em flagrante de três pessoas
que estavam provocando os incêndios no interior do estado. Até este sábado (7), foram mais de 40 chamados.
Inmet alerta para baixa umidade
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) chegou a emitir alerta
vermelho neste domingo devido aos perigos causados pela baixa umidade do ar —
abaixo de 12% — em Goiás, Mato Grosso, Pará e Tocantins.
O cenário também se repete em
outras regiões do Brasil, com altas temperaturas e queda da
qualidade do ar. O país também enfrenta uma nova onda de calor, com capitais
que registraram máximas de até 40ºC.
As chuvas devem demorar para chegar na maior parte do Brasil, segundo o
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). A
previsão indica que, nos próximos 14 dias, as áreas mais impactadas pela seca
não devem registrar volumes de chuva significantes.
Temperatura acima da média
Está prevista uma forte onda de
calor na maior parte do país nas próximas semanas, com temperaturas
acima da média para o mês e baixos índices de umidade do ar. Essa condição deve
se intensificar gradualmente ao longo dos próximos dias.
Conforme o Climatempo, a maior parte do país segue sob a influência de
uma massa de ar seco e quente, mantendo as temperaturas elevadas na região
central.
A baixa umidade do ar atinge níveis críticos nas áreas centrais,
contribuindo para o aumento das queimadas. O transporte de fumaça dessas
queimadas pode resultar em um céu mais esbranquiçado e visibilidade reduzida,
especialmente nos estados do interior.
“Todos os biomas estão em risco”
A situação vista na região da Chapada dos Veadeiros é um exemplo da
degradação em diferentes partes do país.
À CNN, o climatologista Carlos Nobre, referência internacional em
assuntos relacionados ao aquecimento global, alerta para o risco que os biomas
brasileiros correm de deixar de existir diante do avanço do
desmatamento, das mudanças do clima e da contribuição da ação humana na crise
climática.
Nobre cita, por exemplo, o prolongamento da estação seca no sul da
Amazônia, que está de quatro a cinco semanas maior do que há 40 anos.
“Se ela chegar a seis meses ali não tem condição de manter mais a
floresta amazônica. Seis meses de estação seca é o clima do Cerrado”, diz.
Nobre concorda com a declaração dada na última semana pela ministra
Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, de que o Pantanal pode
deixar de existir até o final deste século.