Jornalista Cláudia Gaigher lança seu livro ‘Diário de Uma
Repórter no Pantanal’ na próxima segunda-feira (5), às 18h30, no Memorial do
Homem Pantaneiro, em Corumbá (MS). O mesmo já foi lançado nas cidades do Rio de
Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Campo Grande (MS), Vitória (ES) e Cachoeiro de
Itapemirim (ES).
Com sensibilidade poética e excelência no fazer
jornalístico, Cláudia revela, em ‘Diário de Uma Repórter no Pantana’,
bastidores de 24 anos de comprometimento na defesa e preservação de um dos mais
ricos biomas do Brasil.
Neste ano, milhões de brasileiros diariamente fizeram do
remake global de Pantanal, novela de Benedito Ruy Barbosa primeiramente exibida
em 1990, e adaptada pelo seu neto, Bruno Luperi, para os dias atuais, um
fenômeno de audiência. Desde 1998, os encantos, mistérios e desafios para a
conservação da maior planície alagável do planeta fazem parte do dia a dia da
jornalista capixaba Cláudia Gaigher. Trabalhando como repórter de rede nacional
e baseada na TV Morena, afiliada da Rede Globo em Mato Grosso do Sul, Cláudia
adotou o Pantanal como a sua casa, local de trabalho e fonte de inspiração e
causa.
Por meio de suas matérias, exibidas em edições do
Fantástico, do Jornal Nacional, do Globo Repórter, nos telejornais de rede
nacional da Rede Globo, e na Globonews, Cláudia apresenta ao Brasil um Pantanal
profundo, de uma exuberante fauna e flora, mas também cenário de violentos
conflitos e constantes ameaças ambientais.
Em Diário de Uma Repórter no Pantanal, livro editado pela
organização Documenta Pantanal, Cláudia reúne 30 histórias de bastidores de
suas urgentes e necessárias reportagens, produzidas ao longo dos últimos 24
anos, período de grandes transformações. Quem não se lembra, por exemplo, da
cobertura dos grandes incêndios em 2020? Cláudia atuou incansavelmente,
mostrando ao Brasil e ao mundo a maior catástrofe das últimas décadas, onde
quase 30% do bioma viraram cinzas.
Partiu também de uma reportagem dela a denúncia de crianças
sem escolas e que catavam iscas pra sobreviver nos alagados do interior do
Pantanal, mostrando a dificuldade dos ribeirinhos. A reportagem gerou comoção e
ação resultando na construção e reabertura de dezenas de escolas às margens do
rio Paraguai.
A jornalista também deu voz e visibilidade a iniciativas
essenciais, acompanhando e mostrando ao longo das décadas os avanços das
pesquisas de conservação de espécies emblemáticas como a arara azul, a
onça-pintada, a ariranha, entre outras. Em textos embasados nas pesquisas
científicas e no conhecimento tradicional, a jornalista faz um mergulho na
história da colonização do Brasil Central.
“Tivemos aqui, no início dos anos 2000, uma disputa
fundiária que permanece até hoje, com vários assassinatos de lideranças
indígenas, e a questão da demora do poder judiciário e do Executivo em definir
quais são as áreas tradicionais e ancestrais. Mais do que isso, existe aqui uma
prática que também se replica em outras regiões do Brasil, em que a união e o
poder público chancelam a ocupação de áreas indígenas por conta do agronegócio.
Essa cultura de impunidade faz com que a nossa flora e a nossa fauna também
estejam constantemente pressionadas”, explica.
Em 2022, os brutais assassinatos do indigenista Bruno
Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips escancararam o elevado grau de risco
a que, no Brasil, estão expostos profissionais dedicados à defesa e preservação
do meio ambiente. Realidade vivenciada por Cláudia há mais de duas décadas.
“A coragem é necessária para tudo o que a gente faz na vida,
e tem que ser uma coragem de quem não quer ser mártir. E a gente só consegue
isso quando faz um jornalismo independente, calcado em informações reais. Mais
do que isso, também é importante que você tenha uma rede de fontes, porque
quando você cria essa rede, cria também uma rede de proteção e tem ali centenas
de pessoas que estão comungando contigo a busca pela informação. Nunca fui a
campo fazer uma reportagem sem que várias pessoas de minha confiança soubessem
o que eu estava fazendo e quais eram os pontos onde eu estaria. Quando você faz
um trabalho sério e tem essa rede, não é que esteja livre das violências que a
gente tem visto contra os jornalistas, mas pelo menos diminui um pouco esse
risco”, explica.
Viajando pelo Brasil para fazer reportagens para os
telejornais da TV Globo, Cláudia também se aprofundou nos temas relacionados
aos biomas Cerrado e Amazônico. Revelando lendas locais, como as do Velho do
Rio e do Mãozão, versão pantaneira do lobisomem, ou dando voz a dezenas de
personagens anônimos e figuras consagradas, como o violeiro Almir Sater e o
poeta Manoel de Barros, com o poder de observação dos melhores cronistas e a
sensibilidade poética aguçada pela beleza mística do Pantanal, Cláudia produz
uma narrativa que muito revela sobre a excelência do fazer jornalístico, e que
também desperta o fascínio de qualquer leitor.
“Não penso num público específico para o livro. O que tento
compartilhar com meus escritos é esse amor que eu tenho por ter nascido no
Brasil, por me orgulhar das diferenças que compõem a nossa identidade, a nossa
alma. E, mais do que tudo, me orgulhar dessa biodiversidade que só o Brasil
tem. Se eu puder plantar essa semente no coração e na mente das pessoas e fazer
com que elas tomem uma atitude, fazendo doações para as pesquisas, cobrando, do
poder público, posturas mais sustentáveis, eu vou ter ganhado o melhor de todos
os prêmios e presentes”, conclui.
Documenta Pantanal
A publicação de Diário de Uma Repórter no Pantanal foi
integralmente financiada pela Documenta Pantanal, uma iniciativa que reúne
profissionais de áreas diversas comprometidos com a urgência de tornar as
fragilidades e as riquezas do Pantanal mato-grossense conhecidas do grande
público.
Entre outros títulos, a Documenta Pantanal viabilizou a
publicação de Céu e Inferno em Terras Alagadas (Editora Origem, 2021), do
fotógrafo José Medeiros, Cozinha Pantaneira – Comitiva de Sabores (Editora BEI,
2020), do chef Paulo Machado, e Pantanal – Serra do Amolar (Terra Brasil,
2021), do fotojornalista Araquém Alcântara.
“O livro da Cláudia engrandece a produção editorial assinada
pela Documenta Pantanal e seus apoiadores. É um relato potente, de uma
profissional que dedicou anos de sua vida documentando, por meio de matérias
jornalísticas, esse bioma que é a inspiração maior de nossa iniciativa e de
todas as ações que desenvolvemos.”, destaca Mônica Guimarães, coordenadora do
Documenta Pantanal.
SERVIÇO
Diário de uma Repórter no Pantanal, Cláudia Gaigher
(Documenta Pantanal, 2022, 360 páginas, ISBN 978-65-996829-2-9). Valor: R$
60,00.
Coordenação geral: Documenta Pantanal – Mônica Guimarães.
Projeto gráfico: Luciana Facchini. Ilustrações de capa e miolo: Rafaela
Pascotto. Preparacão: Laura Moreira. Revisão: Jonathan Busato. Coordenação
editorial e producão gráfica: Heloisa Vasconcellos. Diagramação: Spress
Lançamento e bate-papo: Memorial do Homem Pantaneiro, em
Corumbá.
Na segunda-feira (5), às 18h30.
Memorial do Homem Pantaneiro
Dentro da proposta do IHP (Instituto Homem Pantaneiro) de
valorização do patrimônio histórico-cultural da região, o projeto museográfico
Memorial Homem Pantaneiro visa a preservação da memória e a divulgação da
identidade cultural regional.
Os processos históricos na formação do ethos pantaneiro
estão expostos em suportes didáticos, artes cênicas, documentários e vídeo
instalações. O Memorial abriga também espaços para exposições temporárias,
biblioteca e sala de vídeos.
O museu funciona no edifício Casa Vasquez & Filhos, onde também está a sede do IHP. Trata-se de um dos prédios históricos mais importantes da cidade de Corumbá (MS) e representa um período de efervescência econômica e cultural da cidade. Foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional e recuperado pelo Programa Monumenta, do Ministério da Cultura.