“Esperamos que, com esta lei, as mobilizações em Santa Cruz sejam imediatamente suspensas. Pedimos aos mobilizados nas rotatórias, suas lideranças. Não há razão para continuar com essas medidas", disse Mercado
Depois de aprovar por mais de dois terços na Câmara o projeto de lei do censo, que garante a aplicação dos resultados da pesquisa nacional nas esferas financeira e eleitoral, o presidente dos Deputados, Jerges Mercado, exortou os setores mobilizados a suspender as medidas de pressão em Santa Cruz.
“Esperamos que, com esta lei, as mobilizações em Santa Cruz sejam imediatamente suspensas. Pedimos aos mobilizados nas rotatórias, suas lideranças. Não há razão para continuar com essas medidas, pois esse regulamento será enviado aos senadores. Portanto, já deveriam estar suspendendo as medidas de pressão que têm causado (prejuízos) aos nossos sindicalistas, transportadores, ao povo que ganha o pão dia a dia”, disse Mercado.
Numa sessão maratona, que incluiu longos discursos de governistas e oposicionistas demonizando ou elogiando o protesto que Santa Cruz está realizando, finalmente, depois das 04h00, o projeto de lei foi aprovado, que agora deve ser encaminhado para tramitação .na Câmara dos Senadores.
Para vários parlamentares, a lei em questão era desnecessária porque o objetivo da nova norma já está contemplado na Constituição Política do Estado (CPE). No entanto, votaram a favor em busca da solução do conflito, que neste sábado comemora 36 dias de desemprego em Santa Cruz.
“Não compartilho da posição de quem está nas rotundas. No entanto, admitimos que podemos pensar diferente, mas também viver pacificamente no país, e mais uma vez pedimos que as medidas de pressão sejam levantadas o mais rapidamente possível", acrescentou Mercado.
Por sua vez, a Comissão Interinstitucional do Censo ainda não definiu se suspende ou não a medida extrema, pois aguarda o resultado que virá dos senadores.
O reitor da UAGRM informou que vários setores pediram a suspensão da greve porque o povo está cansado
A Comissão Interinstitucional para a Promoção do Recenseamento reúne-se hoje, por convocação do cívico Rómulo Calvo, para avaliar as próximas acções após a aprovação da Lei dos Censos na Câmara dos Deputados. Espera-se que eles decidam se a greve por tempo indeterminado continuará ou não em Santa Cruz .
"Essa é uma opinião muito particular, devemos declarar uma sala intermediária, mas com um alerta permanente e monitorando o que pode acontecer no Senado. Mas essa não é uma decisão que passa pela minha pessoa , vou transmitir esse pedido ao Conselho Cívico Comissão, depois de ter recebido várias ligações com esse pedido (para levantar a greve), ontem deveríamos nos reunir, mas não havia nada para avaliar (esperando o que aconteceria na Câmara) e falta de coordenação na manhã, mas o presidente do Comitê Cívico está convocando uma reunião para hoje ", informou o reitor Vicente Cuéllar à Rádio EL DEBER.
A autoridade universitária admitiu ao programa ¡Qué Semana! que há cansaço entre os cidadãos e que " há gente que aproveitou muito bem esta greve" , referindo-se às cargas em determinados pontos do bloqueio e que não pôde ser controlada pela magnitude da greve. “Quando o povo começa a se empoderar e sair às ruas, fica difícil controlar todos e cada um”.
Apesar destas dificuldades, frisou que o Santa Cruz ganhou unidade com esta luta, além de saber os resultados até setembro de 2024, conforme compromisso do Governo. Cuéllar esclareceu que com sua participação na luta pelo recenseamento não buscou nenhum tipo de liderança .
O Projeto de Lei 05 sobre a Aplicação dos Resultados do Censo da População e Habitação contempla a distribuição de recursos e vagas, embora sobre este último diga apenas “será aplicado nas próximas eleições”. Agora a norma passa para o Senado que decidirá se sanciona ou não o projeto .
Sobre o debate na Assembleia Legislativa, Cuéllar notou a "leitura errada" de alguns parlamentares que usaram adjetivos de hostilidade contra Santa Cruz e lembrou que não só os cambas vivem em Santa Cruz, mas também pessoas do interior do país.
"É preciso ouvir críticas duras onde o adjetivo mais brando era criminoso, separatista. Essa animosidade manifesta por parte desses parlamentares prejudica muito aqueles pontos de encontro que devemos buscar permanentemente . Eles seguem slogans e não fazem um objetivo análise", disse.
eldeber