Filas gigantescas são formadas pelos pequenos que saem em busca das tradicionais sacolinhas recheadas de doces.
Desde as primeiras horas da
manhã desta segunda-feira (27) as ruas de Corumbá e Ladário estão tomadas pelas
crianças e adolescentes. Tudo isso é pelos variados tipos de doces e também de
um cardápio requintado, distribuídos pela população no dia de Cosme e Damião.
Os fogos
de artifícios frente às casas anunciam para as crianças que no local há devoto
e que as sacolinhas, recheadas com doces, como pipoca, rapadura, pirulitos, balas,
bolos, chicletes e até mesmo em alguns casos, refrigerante e sucos, serão
entregues.
Logo depois, uma gigantesca fila se forma em frente
à residência e uma por uma das crianças vai pegando a sua sacolinha. O sorriso
largo no rosto é a maneira de agradecer pelo doce presente.
Uma tradição que
perpetua há anos nas cidades pantaneiras, ligada aos festejos popular dos
santos gêmeos, Cosme e Damião.
Algumas famílias mantém viva a promessa há mais de 50 anos.
História
Os santos Cosme e Damião são muito populares, no Brasil e no mundo.
Sua data de celebração oficial foi neste domingo (26), apesar de, comumente,
eles serem celebrados no dia 27 de setembro. O motivo é uma confusão com as
datas, que não para por aí. Na igreja ortodoxa grega, a data é 1º de
julho; para os ortodoxos, o dia dos santos é 1º de novembro. Em 17 de outubro,
também há uma celebração. Nas religiões afro-brasileiras, a data é 27 de
setembro.
Cosme e Damião são santos
dos primórdios da igreja cristã. Assim como outros santos com devoções antigas,
como São Jorge, os registros sobre datas de nascimento e morte são
escassos.
"Isso é uma coisa que ocorre com muitos santos da
antiguidade, em que não sabemos ao certo as datas de nascimento e morte. Mas,
no caso deles, há uma grande probabilidade de que tenham existido, pois as
relíquias estão em uma igreja em Roma. É uma devoção muito antiga", afirma
o frei Luiz Antônio Pinheiro, professor da PUC (Pontifícia Universidade
Católica) de Minas Gerais, ao portal Uol.
O que se sabe é que Cosme e Damião teriam sido irmãos gêmeos,
que nasceram na região da Ásia Menor, que corresponde à atual cidade de Egeia,
na Síria, por volta do século 3º. Ambos seriam médicos e teriam exercido a
profissão de forma voluntária, não aceitando pagamento.
Eles seriam cristãos, em uma época em que o Império Romano ainda
não aceitava o cristianismo. Por isso, foram perseguidos e mortos a mando do
imperador Diocleciano, por volta do início do século 4º. O martírio, além da
vida exemplar, foi o que os tornou santos.
"Foram pessoas muito fiéis a Jesus Cristo e, diz a
tradição, que não sofreram nenhum ferimento por água, fogo, ar e nem mesmo a
cruz. Eles, então, foram decapitados por uma espada. Morreram juntos e foram
enterrados juntos", diz o padre e professor da PUC Minas, Junior
Vasconcelos do Amaral.
Desde então, a dupla passou a ser venerada. Os irmãos foram
reconhecidos como santos a partir do século 6º.
Por terem sido médicos, São Cosme e São Damião são considerados padroeiros dos cirurgiões, médicos, farmacêuticos e também das crianças, dos barbeiros e dos cabeleireiros.
Da redação