Ator estava
internado havia 20 dias e faleceu em decorrência de uma pneumonia. Artista
conviveu com o Mal de Parkinson por mais de 20 anos.
Morreu no Rio
de Janeiro, aos 84 anos, nesta quarta-feira (11), o ator Paulo José.
O ator estava internado havia 20 dias e
faleceu em decorrência de uma pneumonia. Há mais de 20 anos, ele sofria de Mal de Parkinson.
Paulo
José deixa esposa e quatro filhos: Ana, Bel e Clara Kutner, de seu
relacionamento com a atriz Dina Sfat, além Paulo Henrique Caruso.
No
ano de 2020, três dos quatro irmãos de Paulo morreram de câncer. Ele era o
segundo filho de uma família de cinco irmãos.
Trajetória
Em mais de 60
anos de carreira, Paulo José marcou a dramaturgia brasileira com trabalhos
fundamentais para o teatro, o cinema e a TV. Teve personagens inesquecíveis,
mas também dirigiu e participou da criação de diversas obras.
Mesmo depois de descobrir o Mal de
Parkinson, doença que o acompanhou por mais de 20 anos, ele sempre se preocupou
com a valorização do ofício de ator. Ele lutou pela regulamentação da profissão
no final dos anos 70.
Paulo
José Gómez de Souza nasceu em Lavras do Sul (RS), no dia 20 de março de 1937.
Ele teve seu primeiro contato com o teatro na escola em Bagé, aos dez anos de
idade.
Paulo
José mudou-se com a família para Porto Alegre e prestou vestibular para
Medicina e, depois, Arquitetura, mas já começou a carreira no teatro amador.
Relembre a
trajetória
Ele se mudou para São Paulo no início da
década de 60, onde começou a trabalhar com o revolucionário Teatro de Arena -
lá ele foi ator, contrarregra, assistente de direção, produtor, diretor
musical, cenógrafo e figurinista.
Sua
estreia atuando no palco foi em 1961, na peça "Testamento de um
cangaceiro". Já no cinema, ele estreou em 1965, no filme "O padre e a
moça", de Joaquim Pedro de Andrade.
Nos anos 60 ele
atuou em diversos filmes importantes para o Cinema Novo, como "Macunaíma",
de Joaquim Pedro de Andrade, e "Todas as mulheres do mundo", de
Domingos Oliveira.
Paulo José estreou na TV Globo em 1969,
começando uma série de trabalho marcantes por mais de quatro décadas.
A
primeira novela foi ‘Véu de Noiva’, de Janete Clair, em 1969. Seu primeiro
personagem marcante foi o mecânico-inventor Shazan, que formava uma dupla
cômica com Xerife, de Flávio Migliaccio, em ‘O Primeiro Amor’ (1972), de
Walther Negrão.
A
dobradinha fez tanto sucesso que gerou o seriado ‘Shazan, Xerife e Cia.’,
escrito, dirigido e interpretado por Paulo e Flávio, entre 1972 e 1974. Outros
personagens inesquecíveis foram o comerciante cigano Jairom em ‘Explode
Coração’ (1995), de Gloria Perez, e o alcóolatra Orestes de ‘Por Amor’ (1997),
de Manoel Carlos.
Atuou
em mais de 20 novelas e minisséries, entre elas, ‘Roda de Fogo’ (1986), de
Lauro César Muniz; ‘Vida, Nova’ (1988), de Benedito Ruy Barbosa; ‘Tieta’
(1989), de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares; ‘Araponga’
(1990), de Dias Gomes, Ferreira Gullar e Lauro César Muniz; ‘Vamp’ (1991), de
Antonio Calmon; ‘O Mapa da Minha’ (1993), de Cassiano Gabus Mendes; ‘Agora é
Que São Elas’ (2003), de Ricardo Linhares, escrita a partir de uma ideia
original do próprio Paulo José; ‘Senhora do Destino’ (2004), de Aguinaldo
Silva; ‘Um Só Coração’ (2004) e ‘JK’ (2006), minisséries de Maria Adelaide
Amaral e Alcides Nogueira; ‘Caminho das Índias’ (2009), de Gloria Perez; e
‘Morde & Assopra’ (2011), de Walcyr Carrasco.
Como diretor,
participou de alguns episódios de ‘Casos Especiais’ na década de 1980, e das
minisséries ‘Agosto’ (1993), adaptação de Jorge Furtado e Giba Assis Brasil do
romance de Rubem Fonseca; ‘Memorial de Maria Moura’ (1994), adaptação de Jorge
Furtado e Carlos Gerbase da obra de Rachel de Queiroz; e ‘Incidente em Antares’
(1994), adaptação de Nelson Nadotti e Charles Peixoto do livro homônimo de
Erico Veríssimo.
Ele também fez parte da equipe que
implementou o programa ‘Você Decide’.
Mesmo
com a carreira consolidada na TV, Paulo José nunca abandonou o teatro e o
cinema.
Sua
última e emocionante aparição na TV foi como o vovô Benjamin na novela ‘Em
Família’ (2014), de Manoel Carlos. Ele era o pai de Virgílio (Humberto
Martins). Como na vida real, seu personagem sofria de Mal de Parkinson.
Por G1 Rio
11/08/2021