Em um estudo apresentado pelos Ministérios Públicos de Mato Grosso do
Sul (MPMS) e Mato Grosso (MPMT) identificou que quase 60% dos focos de
incêndios que afetaram o Pantanal em 2020 foram provocados por ações humanas, e
possuem a probabilidade de ligação com atividades agropastoris.
"O que chama atenção é que boa parte deste incêndio, que prejudicou
inúmeros municípios e milhares de propriedades rurais, originou-se em,
aproximadamente, 286 pontos de ignição, sendo 152 em propriedades privadas
(registradas no CAR), 80 em áreas indígenas, 53 em áreas não identificadas e
apenas 1 em unidades de conservação", os MPs detalharam em nota.
Na nota divulgada na última segunda-feira (5), os Ministérios Públicos
explicaram que "foram isolados os focos iniciais de incêndios nas
propriedades traçando um raio de 200 metros de redes elétricas (2,43%),
estradas públicas (0,97%), estradas particulares (16,99%) e margens de rios
(21,84%), sendo que 57,77% dos focos iniciais ocorreram no interior destas, o
que demonstra uma grande probabilidade de terem ligação com as atividades
agropastoris".
O relatório descriminou que 21 cidades de Mato Grosso do Sul e de Mato
Grosso foram atingidas com as queimadas no bioma em 2020. Ao todo, de acordo
com os MPs, 2.058 propriedades foram prejudicas, 16 Unidades de Conservação e
seis terras indígenas.
O levantamento também apresenta a quantidade da área que foi devastada
com as queimadas no ano passado. Os dados mostram que de 01/01/2020 a
30/11/2020 foram consumidos 4,5 milhões de hectares do Pantanal.
Com o alto número, os MPs apontaram que o ano de 2020 foi o que teve
mais registros de fogo no Pantanal desde o fim da década de 90, quando se
iniciou o monitoramento pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Os dados foram compilados pelos setores de geoprocessamento do MPMS e do
MPMT. Os órgãos informaram que o relatório técnico ajudará na elaboração de
estratégias de atuação para trabalhar tanto na forma preventiva, quanto na
repressiva, a fim de minimizar ocorrências como as de 2020, em períodos
futuros.
Programa de prevenção às queimadas no Pantanal
Segundo o promotor Luciano Loubet, que está à frente do Programa
"Pantanal em Alerta", os MPEs as informações são fundamentais para a
definição de estratégias de trabalho.
"Tendo esses nossos estudos, vamos olhar melhor para os incêndios.
Vimos que muitos focos começaram às margens de rios, em beiras de estradas, e
60% deles aconteceram dentro de uma atividade rural isolada. É muito improvável
que algum produtor tenha feito isso intencionalmente, apenas para causar dano.
O que queremos, portanto, é uma prevenção", ponderou.
Um programa em parceria entre os Ministérios Públicos Estaduais (MPE) de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, quer minimizar os efeitos das queimadas no Pantanal em 2021. Para isso, os MPEs identificaram as áreas onde mais ocorreram focos de queimadas em 2020 e pretendem notificar produtores para que eles adotem medidas preventivas contra o fogo.