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Fabio Assunção fala sobre o álcool depois de sete meses sóbrio: "A droga mais pesada que conheci"

Publicada em: 05/12/2020 19:23 - Famosos

“Eu queria ter uma segunda chance de falar. Conversamos muito sobre a minha carreira, que fez 30 anos, mas daqui a pouco vai fazer 40, 50 e um dia vou morrer. As direções que fiz no teatro, os papéis que me deram robustez, tenho orgulho da minha história. Mas e o agora? Ter essa capa em um dos únicos anos em que não apresentei nenhuma obra artística é relevante. Quero colocar o que de fato aconteceu comigo e, com isso, deixar uma mensagem”, recomeça Fabio Assunção. Recomeçar é bonito. É a segunda vez que nos falamos, entrevista em dois atos a pedido dele. “O que de fato justifica esse título?”, me pergunta. Pelo vídeo, vejo que tem papel e caneta em mãos, roteiro premiado do seu filme mais importante em 2020, a própria vida.

“Tenho dentro de mim cada set, cada Norte e Nordeste, a diversidade, a pulsação da plateia. Começar um personagem é se jogar num abismo. Me vejo como uma linha do tempo contínua, em construção”, diz o ator ciente do papel transformador do seu ofício. “Se não há conflito, não é dramaturgia. Se não provoca a sociedade, não tem função. Infelizmente, para um grupo de pessoas que está no poder, é preciso que não se pense em arte, nem em educação. Por isso o desmonte da cultura. É um grupo de gente que paga 500 dólares numa peça da Broadway, mas compra carteirinha de estudante para pagar meia entrada aqui. Um grupo de pessoas que enche a boca para dizer que foi ao Louvre, que acha belíssima a estátua de David nu em Florença, mas quando vê no MAM a obra da natureza de um homem nu, mesmo com todos os avisos, se revolta. A cultura brasileira é a nossa maior expressão. Este ano comprei espetáculos de um amigo e ator pernambucano que estava desempregado, são monólogos dos cordéis do Ariano Suassuna, feitos pelo Aramis Trindade, para que ele apresentasse na CUFA (Central Única das Favelas), e acabou sendo uma ponte com a Secretaria de Cultura de Niterói. É preciso agir.”

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