Banco
Central cortou agora em março a taxa básica de juros pela sexta vez seguida em
0,5 ponto percentual, que está em 10,75%; assista à íntegra do CNN Entrevistas
às 18h30 deste sábado (30)
A ministra
do Planejamento, Simone Tebet, disse à CNN que o Banco Central não
pode encarar uma taxa de juros em torno de 9% ao ano como limite para o atual
ciclo de afrouxamento monetário.
“Não pode
ser o piso”, afirmou Tebet, taxativamente, ao ser questionada se vê a Selic em
9% como o mínimo a que o BC conseguiria chegar em 2024.
Agora, em
março, o BC cortou a taxa básica de juros pela sexta vez seguida em 0,5 ponto
percentual. Ela caiu de 13,75% em agosto do ano passado para
10,75% hoje.
Na última
reunião, porém, o Comitê de Política Monetária (Copom) indicou mais claramente
apenas mais um corte de 0,5 ponto e sinalizou um ritmo de queda menor.
O mercado
passou a trabalhar amplamente com novas diminuições de 0,25 ponto percentual a
partir de junho e um piso em torno de 9% para a Selic em 2024, mas Tebet avalia
que dá para baixar mais.
“À medida
que a inflação está menor do que estava no passado, é óbvio que dá, sob pena de
continuarmos tendo os maiores juros reais do mundo”, afirmou.
Segundo ela,
o governo tem dado mostras reiteradas de compromisso com a sustentabilidade das
contas públicas e com a segurança jurídica, o que daria lastro às futuras
decisões do BC.
“Não pode
ser o piso. O que mudou? Só pode ser o piso se, a partir do segundo semestre,
dermos [a equipe econômica] outros sinais que nós não estamos dando. O BC não
está analisando só os preços de alimentos e a inflação. O BC está de olho
também na política fiscal do governo”, acrescentou Tebet, reiterando que é a
favor da independência da autoridade monetária.
Meta fiscal
A ministra
se disse otimista, “até mais otimista do que estava no passado”, sobre o
cumprimento da meta de déficit fiscal zero em 2024.
“Tudo o mais
constante, eu tendo as rédeas nas mãos — o meu papel é ser chata, aquele grilo
falante do Pinóquio, não dá para abrir a torneira, inventar novas despesas
públicas, é preciso revisar gasto — não temos preocupação [em revisar a meta]
pelo menos até o meio do ano”.
Quanto à Lei
de Diretrizes Orçamentárias (LDO), cujo projeto o governo precisa encaminhar ao
Congresso Nacional até 15 de abril, Tebet evitou cravar a meta de 0,5% de
superavit para 2025.
“Vamos
apresentar algumas propostas para a equipe econômica, analisar juntos se
conseguimos colocar na LDO 0,5% de superavit, a depender de uma série de
situações”, afirmou.
Na
divulgação do novo arcabouço fiscal, o governo se comprometeu com um ajuste
gradual das contas públicas: déficit de 0,5% em 2023, zero em 2024, superavit
de 0,5% em 2025 e de 1% em 2026.
Daniel RittnerGustavo Uribeda CNN
Brasília