Economistas veem perdas consideráveis ​​na atividade produtiva por conta dos 36 dias de desemprego. Eles apontam que os setores mais afetados foram exportação, transporte, serviços, soja, pequenas e médias empresas

Os economistas afirmaram que Santa Cruz e, conseqüentemente, o país registrarão grandes perdas econômicas com a paralisação de 36 dias. Eles estimam que a estabilidade econômica levará pelo menos três meses para ser restabelecida e a expectativa é de inflação alta no primeiro trimestre de 2023, devido a uma demanda lenta que costuma ocorrer no início do ano.

“Provavelmente teremos dois meses em que a inflação será maior. A inflação até outubro é de 2,89%, novembro vai ser maior porque tem sido o centro do conflito e dezembro também porque, além disso, vamos ter despesas de fim de ano. Está chegando um problema de inflação que será visto em mais um ou três meses”, disse o economista Gonzalo Chávez.

Ele acrescentou que é difícil precisar o valor exato das perdas, mas afirmou que houve um "choque forte" na economia que levará entre um a três meses para voltar ao normal.

O ex-diretor do Banco Central da Bolívia (BCB) José Gabriel Espinoza concordou com Chávez e sustentou que nos próximos meses, além da demanda reprimida, haverá um ambiente inflacionário.

“Existem pressões de custos não apenas nos preços ao consumidor, mas há uma forte pressão sobre produtores e atacadistas que tinham problemas acumulados antes da pandemia. Provavelmente teremos um mercado com preços mais altos e com um ambiente regulatório muito agressivo porque o governo tenta sustentar essa ideia de que o mercado está com preços baixos por forte pressão regulatória, portanto, as empresas vão lidar com essas pressões”, disse.

Ao contrário de Espinoza e Chávez, o economista Roger Banegas foi encorajado a dizer que Santa Cruz perdeu entre US$ 25 e US$ 28 milhões. Ele ainda disse que a Bolívia registrará pelo menos 65.000 perdas de empregos.

Para os três economistas, a situação é complicada porque, em geral, o último trimestre do ano é o mais produtivo, ao contrário de janeiro a março, quando o nível de atividade econômica cai.

O mais afetado

Os setores mais afetados durante a greve e os que mais custarão para recuperar seus lucros são os exportadores, que além da greve tiveram que enfrentar a suspensão das exportações de açúcar, carne bovina, soja e seus derivados, promovida pelo Governo no início da greve cívica.

A eles se soma o transporte que devido aos bloqueios de estradas e rodovias não puderam realizar suas atividades normalmente.

Outras atividades que pararam 100% são o setor de gastronomia, serviços, entretenimento, turismo, comércio, pequenas e médias empresas.

Para Banegas, o setor de serviços é o mais afetado, com exceção do setor financeiro, que continuou realizando suas tarefas de forma relativamente normal com atendimento ao público.

“Santa Cruz fornece ao país mais de 70% dos alimentos e, claro, as repercussões em nível nacional têm sido a escassez de carne bovina, frango e laticínios. Outros departamentos tiveram um aumento acentuado nos preços. A Santa Cruz fornece 90% da casca de soja do país, matéria-prima para rações balanceadas para animais de produção. Esses setores foram afetados”, apontou o economista de Santa Cruz.

Após a greve, os especialistas apontaram que o país tem o desafio de reconstruir as cadeias produtivas, que serão mais afetadas no médio e longo prazos.

“A isto devemos acrescentar um governo que quer recuperar o que se perdeu em impostos e taxas. Então a pressão regulatória vai ser forte. Em linhas gerais, as empresas têm que se preparar para um cenário pouco dinâmico na demanda e, ao mesmo tempo, muito agressivo na regulação”, disse Espinoza.

Ele considera que o 1º salário e o 1º ano serão difíceis de pagar. Enquanto isso, a população devido ao endividamento e à deterioração de seus ambientes de trabalho gastará menos.

El Deber

27 de novembro de 2022, 8h47