Danilo José Ribeiro de Sousa, de 27 anos, e Olair Correia, de 41 anos, foram presos após vídeo gravado por testemunha. Eles estavam com arma, gasolina e dinheiro.
Um dos presos suspeitos de incendiar um caminhão em
Sinop, na região norte de Mato Grosso, nesta segunda-feira, em
meio aos protestos contra o resultado da eleição presidencial, é Danilo José
Ribeiro de Sousa, de 27 anos, que, segundo a Polícia Federal, tem passagem
por homicídio. Ele e o produtor rural Olair Correia, de 41 anos, foram
identificados e presos pela Polícia Militar, com uma arma de fogo, galões de
combustível, R$ 9,9 mil em dinheiro, e outros artefatos usados para cometer o
crime.
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Atos
antidemocráticos: Manifestantes suspeitos de
atear fogo em carretas que furaram bloqueios em MT são presos com arma e galões
de combustível
Os dois homens prestaram depoimento na delegacia da
PF e depois foram levados para a Penitenciária Osvaldo Florentino Leite
Ferreira, em Sinop.
Ao todo, três caminhões foram queimados
em retaliação aos caminhoneiros que passaram pelos
bloqueios e também para montar barreiras em outros trechos. Porém, Danilo e
Olair são suspeitos somente do incêndio ocorrido no perímetro urbano de Sinop.
Segundo a PF, ainda não há elementos que comprovem
a relação entre esse incêndio e o outro registrado na BR-163, em Itaúba, que
consumiu uma carreta carregada de milho e um caminhão-tanque. Dessa forma,
continua a investigação em busca de identificar a autoria desse crime, que foi
cometido com violência.
Os suspeitos foram identificados pela polícia por
causa de um vídeo gravado por uma testemunha que passava pelo local. As
imagens mostram os dois homens em volta
do veículo. Eles soltam a cabine da carroceria e depois ateiam
fogo.
Antes de incendiarem as carretas, os criminosos renderam e sequestraram um funcionário da concessionária Via Brasil, que administra trecho da BR-163. A vítima fazia o trabalho de inspeção quando viu dois veículos parados no acostamento e uma das pessoas acenando. Ao entender que se tratava de um pedido de ajuda, o funcionário parou. Então, a pessoa que tinha acenado sacou uma arma de fogo, mandou que ele descesse do carro e pediu o uniforme da empresa que ela usava.
Olair Correia,
produtor rural de Sinop, é um dos presos no MT — Foto: Reprodução
O criminoso vestiu o uniforme, entrou no carro da
concessionária e transitou por cerca de 2 km e trancou as duas pistas,
impedindo a passagem de veículos. Em seguida, várias pessoas que estavam na
parte de baixo da ponte começaram a subir encapuzadas e atearam fogo nos dois
caminhões. Houve disparos de arma de fogo.
Cerca de oito carros dos suspeitos do crime estavam
estacionados à margem do rio durante a ação, conforme a polícia. Os
caminhoneiros disseram que a ação foi muito rápida. De acordo com a PF, eles
informaram que os homens encapuzados pediram que eles descessem dos caminhões,
atearam fogo e fugiram.
Depois que atearam fogo no caminhão, o homem que
roubou o veículo da concessionária voltou até o local que praticou o roubo,
pegou o funcionário da concessionária e o levou até um local próximo a Sinop.
Olair participava ativamente das manifestações e
arrecadava dinheiro para financiar os atos. Em um vídeo disparado nas redes
sociais, ele pede doações para alimentar as pessoas que fazem parte dos
protestos nas rodovias e informa a chave Pix dele.
Durante a manhã desta segunda-feira, os
caminhoneiros estavam revoltados porque os manifestantes teriam liberado a
passagem de carros de passeio nos pontos bloqueados e gravaram vídeo ameaçando
furar os bloqueios, com o argumento de que alguns estão parados desde
sexta-feira.
Esse período de manifestações em Mato Grosso tem
sido tenso. No sábado, um posto de atendimento da concessionária Rota do Oeste,
também foi alvo de criminosos, em Nova Mutum. Eles atiraram contra veículos da
empresa e incendiaram uma ambulância e um guincho, depois de renderem os
funcionários do local.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), na
noite desta segunda, há 15 trechos bloqueados por manifestantes em quatro
rodovias, sendo que quase a metade deles na BR-163.
Por Pollyana Araújo, Especial Para O Globo — Cuiabá