Grupo Prerrogativas quer que seja instaurado inquérito
policial
Advogados do grupo Prerrogativas protocolaram no Supremo
Tribunal Federal (STF) uma notícia de fato em que pedem a prisão em flagrante
da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pelos supostos crimes de disparo de
arma de fogo, ameaça e eventual lesão corporal.
Neste sábado (29), a parlamentar bolsonarista sacou e
apontou uma arma para pessoas após uma confusão na região dos Jardins, em São
Paulo.
Zambelli disse que atirou para o alto após ter sido
xingada por um jornalista apoiador do ex-presidente Lula (PT). As imagens
mostram ainda que um homem que acompanhava Zambelli também sacou uma arma e
perseguiu
O grupo de advogados quer que seja instaurado inquérito
policial. O Prerrogativas pede ainda a apreensão das armas da parlamentar e de
sua equipe para realização de perícia e a suspensão do porte de arma deles.
A parlamentar não poderia estar armada. Segundo
legislação eleitoral, o porte de arma e de munição é proibido nas 24 horas que antecedem
e sucedem o dia de votação. Uma resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
aprovada em setembro determina que o descumprimento da regra pode acarretar
prisão em flagrante por porte ilegal.
A ação apresentada pelo Prerrogativas afirma que Zambelli
"constrangeu, ameaçou e humilhou, eleitor de candidato diverso". E
que ""tais condutas colocam em risco não só a vida e integridade de
pessoas que apoiam candidaturas adversárias, mas o próprio processo eleitoral e
o Estado Democrático de Direito".
"A liberdade de Carla Zambelli, portanto, coloca em
risco a ordem pública e reforça a necessidade da decretação de sua prisão em
flagrante", diz o texto.
"tais condutas colocam em risco não só a vida e
integridade de pessoas que apoiam candidaturas adversárias, mas o próprio
processo eleitoral e o Estado Democrático de Direito".
"A liberdade de Carla Zambelli, portanto, coloca em
risco a ordem pública e reforça a necessidade da decretação de sua prisão em
flagrante", diz o texto.
O presidente estadual da juventude socialista do PDT,
João Guilherme Desenzi, presenciou a perseguição e disse à coluna Mônica
Bergamo, da Folha de S.Paulo que Zambelli também apontou uma arma para a cara
dele.
Desenzi afirmou que ouviu dois disparos de arma de fogo vindos
da rua. Logo depois, o homem perseguido entrou no estabelecimento para se proteger,
seguido por Zambelli, que também gritou: "Deita no chão".
"Quando ela entra no bar armada, um monte de gente
sai correndo. Eu fiquei encurralado entre duas mesas", narra o pedetista.
As outras pessoas dentro do bar também gritavam, pedindo que a parlamentar
saísse dali.
"Na hora que ela aponta a arma para ele [homem
perseguido], ela aponta para a minha cara também. Eu estava usando uma camiseta
[com os números] 12+1", afirma ele. "E depois voltou a apontar a arma
para o homem".
Segundo Desenzi, Zambelli estava acompanhada de dois
homens. "Um deles chegou a dar tapas no rapaz perseguido", segue o
advogado.
Resolução do TSE
Uma resolução do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) restringe o
transporte de armas 24h antes das eleições. A decisão do TSE foi
tomada, por unanimidade, em setembro deste ano, atendendo a um pedido dos
chefes de Polícia Civil dos estados, que alertavam para os riscos diante do
cenário político polarizado. “A resolução é ilegal, e ordens ilegais não se
cumprem. Eu conscientemente estava ignorando a resolução e continuarei
ignorando a resolução do senhor Alexandre de Moraes [presidente do TSE], porque
ele não é legislador. Ele é simplesmente presidente do TSE e membro do STF. Ele
não pode em nenhum momento fazer uma lei. Isso é ativismo judicial”, avaliou a
deputada.
A assessoria da
parlamentar divulgou nota em que aborda a proibição. “A deputada federal possui
registro de arma de fogo para defesa pessoal. A resolução do TSE que proíbe o
porte aplica-se apenas aos CACs [Certificado de Registro Pessoa Física - Colecionador,
Atirador Desportivo e Caçador], ou para ingresso de armas em seções
eleitorais”, aponta o texto.
O ministro
Alexandre de Moraes determinou a investigação da conduta da deputada federal.
Será investigado o possível crime eleitoral por porte ilegal de arma.
Por Mônica Bérgamo, Folhapress — São Paulo - Kelly
Oliveira